92 anos de trabalho dedicado à inclusão social

Edifício antigo com detalhes ornamentais na fachada e grades na varanda, parecia uma escola ou escritório antigo, na rua de paralelepípedos.
Fotografia antiga em preto e branco de oito homens vestidos com ternos e óculos, posando em um cenário formal com cortinas ao fundo.

A História do Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT): 92 Anos de Luta e Inclusão

A jornada do Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT), que completa 92 anos de existência em 2025, começou com a visão e a determinação de um grupo de pessoas que buscava dignidade e autonomia para os cegos em Campinas. Fundado oficialmente em 22 de abril de 1933, como “Liga Campineira dos Cegos Trabalhadores”, a iniciativa nasceu da profunda necessidade de pessoas cegas se tornarem úteis à sociedade e de garantir seu próprio sustento de forma honrosa. Entendia-se que apenas uma sociedade juridicamente constituída poderia direcionar e proteger o trabalho dos cegos, resolvendo, assim, sua situação social.

A Fundação e os Pioneiros

A semente do ICCT foi plantada por um pequeno e corajoso grupo, que incluía professores cegos e outros visionários: Dante Egrégio, Mário Chaves, Geraldo dos Santos Hummel, Benedito dos Santos Vieira, Avelino de Campos, Domingos Zampini, Arthur Fonseca, Nicola Paceli, João Virgineli e Constâncio Gomes.

A primeira reunião da Liga, um marco histórico, aconteceu em 27 de maio de 1933, na antiga sede do jornal “Correio Popular”. Naquela ocasião, tomou posse a primeira diretoria aclamada, conforme Ata Nº 1, composta por: Dr. Romeu Tórtima (Presidente), Dr. Joaquim de Castro Tibiriçá (Secretário) e Dr. Adhemar Ribeiro (Tesoureiro).

Os Primeiros Apoios e Atividades

A ideia da criação do Instituto rapidamente ecoou na imprensa local e encontrou respaldo nas autoridades. Uma Comissão Organizadora, formada pelos cegos Sr. Geraldo dos Santos Hummel, Prof. Mário Chaves e Dante Egrégio, juntamente com o Prof. Benedito dos Santos Vieira, obteve do Prefeito Municipal a promessa de um prédio para abrigar o instituto, suas oficinas e a escola. A comunidade campineira aplaudiu a iniciativa, e o quadro social inicial rapidamente alcançou 400 associados.

Para custear as despesas iniciais de instalação, a Comissão organizou um festival no salão nobre do Clube Semanal de Cultura Artística. Em reconhecimento ao valioso apoio recebido, foram concedidos títulos de sócios honorários aos jornais “Correio Popular” e “Diário do Povo”, de sócio patrono da causa dos Cegos ao Dr. Alberto Cerqueira Lima e de sócio benemérito ao Sr. Adhemar Ribeiro.

A Consolidação e a Sede Própria

A Prefeitura Municipal cedeu um imóvel na Rua Regente Feijão, nº 95, onde a sociedade pôde instalar-se. Em 14 de julho de 1934, a instituição adotou oficialmente o nome Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT) e sua sigla.

As atividades iniciais do Instituto eram focadas em habilidades essenciais para a autonomia: o ensino de Braille, solfejo e piano, além da produção de itens como escovas, vassouras e espanadores. Naquela época, os cegos também tinham a possibilidade de morar no Instituto, um apoio fundamental.

Em 1937, a sede mudou para a Rua Cônigo Cipião, 78. Anos mais tarde, foi adquirida a primeira sede própria, na Rua Ferreira Penteado 1212, local que o ICCT ocupou até a mudança definitiva para o endereço atual na Avenida Washington Luís, 570. Este local foi estrategicamente escolhido para a construção de um prédio que atendesse plenamente às necessidades do Instituto.

O Legado e o Modelo para o Brasil

A construção da sede própria, que se tornou o atual endereço, foi um marco e um feito viável graças ao legado da benemérita Dona Risoleta Ferreira Jorge, que em 1948 deixou para o Instituto parte de sua chácara: uma área de 19.700 m² de terreno, com o objetivo específico de ser utilizada para atividades ligadas aos deficientes visuais. A ambiciosa obra de construção teve início em 1951, financiada com recursos meticulosamente arrecadados e guardados ao longo de 10 anos.

Em 21 de abril de 1954, a nova sede foi inaugurada, com um total de 2.028 m² de construção. O espaço contava com dependências dedicadas a oficinas, salas de aula, um salão nobre, departamento administrativo, biblioteca, cozinha, refeitório e dormitórios com capacidade para abrigar 38 cegos.

Centenas de pessoas contribuíram para essa realização monumental, mas um mérito especial coube ao presidente do Instituto da época, o jornalista Sylvino de Godoy, que esteve à frente da presidência por 16 anos, liderando com visão e dedicação.

O Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores continua sua missão, transformando vidas e sendo um farol de esperança e oportunidade para a comunidade de pessoas cegas e com baixa visão.

Hoje somos uma Organização da Sociedade Civil (OSC), entidade sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, reconhecida como de Utilidade Pública pelos governos Federal, Estadual e Municipal, que atua há 92 anos atendendo gratuitamente pessoas com deficiência visual em Campinas e região. Temos mais de 20 oficinas socioeducativas com a missão de habilitar, reabilitar, capacitar pessoas cegas e de visão subnormal, contribuindo assim para sua autonomia, independência e integração à sociedade. Somos um meio para gerar transformação social.

Construção de um edifício de alvenaria com estrutura de madeira para o telhado, durante os estágios iniciais, com trabalhadores e materiais de construção ao redor.
Duas pessoas em uma cerimônia de inauguração, descerrando uma fita em frente a um monumento com uma relevo de uma mulher e uma placa na base. Há plantas ao redor, e árvores ao fundo.
Área de lazer com bancos, árvores e uma fonte decorativa com estatueta de Santo Antônio na frente de uma edificação de telhado de telhas vermelhas.
Grupo de pessoas reunidas em uma sala, com algumas pessoas em pé na frente segurando papéis, aparentemente em uma apresentação ou reunião, enquanto os demais estão sentados assistindo.